Preocupações com o descarte de pilhas e baterias? Os metais pesados

            Existe uma preocupação muito grande atualmente com o descarte de pilhas e baterias. Vários estabelecimentos anunciam pontos de coleta seletiva para o recolhimento adequado deste tipo de lixo, pois não devemos descartar pilhas e baterias junto com o lixo residencial. Na verdade, as pilhas e baterias que devem ser descartadas de um modo especial são aquelas que contêm materiais tóxicos ao meio ambiente e com riscos à saúde humana, os denominados metais pesados.

            Os problemas de contaminação com metais pesados tiveram início na Idade Média com o início das atividades mineradoras, mas foi acelerado no início do século XIX com o processamento de metais em indústrias químicas e de fundição. Hoje, com a proliferação de aparelhos eletroeletrônicos portáteis, a demanda por “energia portátil” aumentou muito e o descarte de pilhas e baterias é uma preocupação mundial.

            Nesse sentido, o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) publicou a Resolução n^o 257 (22/07/1999), disciplinando o descarte e o gerenciamento ambientalmente adequado de pilhas e baterias usadas, no que tange à coleta, reutilização, reciclagem, tratamento ou disposição final.

Surge uma nova pergunta: O que são metais pesados?

Ao longo dos anos, o termo “metais pesados” já foi definido de várias formas. Uma breve pesquisa e encontramos um grande número de diferentes definições. As mais comuns são:

Þ de acordo com a densidade: metais pesados são aqueles que apresentam elevada densidade (sendo maior ou igual a um valor de referência que, dependendo da fonte, varia entre 3,5 a 7,0 g cm^-3).

Þ de acordo com a massa atômica: metais pesados são aqueles de elevada massa atômica, sendo o sódio (MA = 23 g mol^-1) usado como referência.

Þ de acordo com o número atômico: metais pesados são aqueles de elevado número atômico, sendo o cálcio (Z = 20) usado como referência.

            É bem verdade que o uso da densidade para definir metal pesado é muito mais comum, porém, dependendo do critério usado, em princípio, qualquer metal poderia ser definido como metal pesado. No entanto, os impactos ao ambiente e à saúde humana decorrentes do descarte de metais fizeram com que fatores ambientais e toxicológicos fossem associados à definição de metal pesado – metal pesado virou sinônimo de prejudicial.

            Outro fator fundamental é a biodisponibilidade do metal, isto é, o potencial que o mesmo tem para ser absorvido pelos seres vivos. Pode-se encontrar um metal em diferentes partes de um ecossistema, mas em função da forma química como ele está presente, tem-se uma maior ou menor absorção por parte da biota[1]. Quer dizer, a concentração total de um metal em uma dada matriz ambiental é importante, porém não é suficiente para predizer a ecotoxicologia deste no ambiente; é muito importante saber de que maneira este metal se apresenta. Com exceção do As e Si, as formas orgânicas (ligados a cadeias carbônicas) de metais são bem mais tóxicas do que o metal na sua forma inorgânica.

            Interessante observar que em pequenas quantidades, alguns metais são essenciais para o bom funcionamento do metabolismo dos seres vivos, mas tóxicos acima de certo limite. Para o ser humano, existem 14 metais essenciais: cálcio, potássio, sódio, magnésio, ferro, zinco, cobre, estanho, vanádio, cromo, manganês, molibdênio, cobalto e níquel. Veja que alguns metais como zinco, cobre, cromo e níquel, tóxicos em concentrações mais elevadas, são fundamentais ao metabolismo em baixas concentrações.

            Portanto, ao comprar um produto, verifique as especificações no rótulo; verifique se ele pode ser descartado em lixo comum ou qual a melhor forma de descarte. Cerca de um terço das pilhas vendidas no Brasil são alcalinas (não contêm metais pesados, tais como mercúrio, chumbo e cádmio em sua composição) e podem ser descartadas neste tipo de lixo. Já os outros tipos de pilhas, incluindo as recarregáveis, possuem estes metais e precisam de um destino adequado – elas são destinadas à reciclagem ou a aterros sanitários especialmente preparados para receber este tipo de material. No entanto, na dúvida, não descarte pilhas e baterias no lixo comum.

http://qnesc.sbq.org.br/online/qnesc33_4/199-CCD-7510.pdf

http://qnesc.sbq.org.br/online/qnesc11/v11a01.pdf

http://lqa.iqm.unicamp.br/cadernos/caderno2.pdf