Administrar é uma fina sabedoria
Um dos maiores desafios de todo e qualquer homem/mulher de negócios é perder o medo de errar. Pois o erro faz parte de todo e qualquer universo que fala diretamente a linguagem dos negócios. Bons administradores são aqueles que erram e tiram lição do seu erro, pois o sucesso faz com que embotemos nosso raciocínio e nos induz a deixar acontecer muita coisa que poderia ser evitada nas empresas.
Errar é humano e persistir no mesmo é burrice. Dizem as línguas e gostaria de complementar que no mundo dos negócios os casos apresentados nos livros e revistas de negócio, em sua maioria falam do sucesso. Estudar determinado caso nas melhores universidades americanas é baseado no sucesso desse negócio.
Mas ninguém comenta que esse modelo é vencedor baseado em taxas de juros que são escandalosas. Estudar a fusão do maior banco brasileiro baseado em taxas de juros que são as maiores do mundo pode significar sucesso? Quero ver sucesso cobrando as mesmas taxas dos bancos cobradas nos países desenvolvidos, aí sim teria parâmetros de comparação
Portanto, muito do sucesso que por nós mortais brasileiros são considerados sucesso, são de empresas que utilizam da facilidade de cobrar os juros maiores do mundo e dizer que são empresas de sucesso. E por que o brasileiro comum paga estas taxas extorsivas? Porque grande parte dos mesmos e até gerentes de bancos não sabem fazer cálculos de juros compostos (juros sobre juros). Portanto aceitam qualquer coisa desde que caiba no seu orçamento.
Sucesso seria se essas empresas conseguissem esses juros competindo e atuando com taxas condizentes ao mundo moderno. Nossa taxa Selic (do Banco Central) é de 13,75% para uma inflação em torno de 5% a 6% ao ano. Portanto temos juros reais entre bancos em torno de 7,75% ao ano. Só que se você entrar num banco e tiver um cheque especial ou pedir um cartão de crédito você paga 10% a 13% ao ano. Gostaria de refletir que a competência maior desses negócios é captar a taxas baixas e nos emprestar a taxas altamente proibitivas. Onde está a competência desses negócios?
Está no marketing bem feito e na ilusão de que não vemos o que anda sendo feito. Vemos propaganda na TV dizendo pra comprar carros pagando taxas de 1% ao mês. Sendo que essas empresas captam lá fora a taxas de 1% a 3% ao ano. Onde está a competência desses negócios? Captam a 1% ao ano e emprestam a 13% ao ano. O grande negócio é emprestar dinheiro no Brasil dizendo que temos taxas altamente favoráveis. Pra quem? Quem ganha com isso? Onde está a gestão efetiva dos negócios?
Estamos acostumados ao dilema Tostines nos imposto pelos bancos: “Os juros são altos porque a inadimplência é alta ou a inadimplência é alta porque os juros são altos? Isso é conversa pra boi dormir… Podemos dizer o que quiser e podemos ou não acreditar. Competência nos negócios é quando demitimos ao primeiro sinal de crise como está sendo feito agora?
Estamos convencidos que a competência é um marketing bem feito ou efetivamente gerenciamento bem feito. Se houvesse competição real não teríamos empresas que atuam em setores com pouca concorrência e colocando seu produto ao preço que quiser. Existe uma empresa de telecomunicações internacional que opera aqui que é campeã de reclamações no Procon. Mas como não tem concorrência em vários mercados, faz e desfaz do seu consumidor, tratando o mesmo como se fosse a rebinboca da parafuseta…
Poderia falar aqui de vários exemplos de empresas que vendem sucesso, mas se seu modelo de negócio for analisado veremos que de sucesso apenas a cumplicidade de agências de propaganda e marqueteiros que douram a pílula.
E por que aceitamos tudo isso? Porque estamos prisioneiros desse modelo onde ficamos na Senzala e temos que adorar os nossos gestores que se sentem na Casa Grande. E quem tentar sair da Senzala, ganha uma bolsa na Universidade de Harvard, para voltar falando “ingrêis” e repetir o modelo aonde as boas empresas, não são tão boas assim, e onde competência é sinônimo de esperteza e bom marketing. E nada muda nesse País tropical, abençoado por Deus e bonito por natureza, seu Jorge Ben Jor….
e – Robson Paniago é Administrador Tecnológico & Social