Piracicaba: Santa Casa aposta na empatia como instrumento para aprimorar a relação médico/paciente
A mudança na maneira de se enxergar a saúde tem causado sérias e conturbadas alterações na relação médico/paciente. A correria do dia a dia, a falta de tempo em marcar consultas médicas e o fim do costume da rotineira visita ao profissional de confiança, tem feito as pessoas migrarem para os pronto-atendimentos dos hospitais na certeza de que, lá, encontrarão a solução para o seu problema.
Pelas próprias características e objetivo do setor, entretanto, os serviços de pronto atendimento foram desenvolvidos para atender pacientes com sinais e sintomas agudos ou doenças agudizadas.
Por outro lado, tem sido cada vez mais comum ao médico trabalhar sob forte pressão, tendo uma lista imensa de pacientes para atender no mesmo dia, além de administrar plantões e consultório, manter constante a atualização profissional, participar de cursos e congressos.
Em poucas palavras, a vida moderna, o avanço tecnológico e a pressão da sociedade sobre todos os aspectos têm feito com que, muitas vezes, a falta de respeito ao profissional médico impeça que a relação médico/paciente atinja a satisfação desejada.
Considerando-se, sobretudo, que o ato médico deve ser exercido de forma serena, respeitosa e hierárquica, ao paciente cabe informar o médico sobre sua doença, seus antecedentes familiares e de saúde, de forma que a empatia e confiança mutuas sejam instrumentos facilitadores do atendimento, do diagnóstico e da conduta.
Na análise do médico e diretor técnico da Santa Casa de Piracicaba, Ruy Nogueira Costa Filho, existindo empatia entre o paciente e o médico, a serenidade e a confiança no atendimento ocorrerão naturalmente.
“Ao estabelecer esse nível de relação, o médico conseguirá colher informações mais precisas e em maior quantidade durante a anamnese para obtenção de informações imprescindíveis sobre o paciente e sua patologia”, explica Nogueira, lembrando que a confiança mútua otimiza o atendimento como um todo para que o diagnóstico seja mais rápido e preciso.
Segundo ele, ainda que muitos médicos sejam objetivos e pragmáticos ao conduzir suas tarefas, vale lembrar que, na maioria das vezes, os pacientes reagem de forma mais emotiva aos problemas de saúde. “Assim, ao ser empático, o paciente se abre sobre suas principais angústias e aflições, trazendo um efeito terapêutico positivo que torna as pessoas mais colaborativas e satisfeitas com todo o processo de atendimento”, revela o médico.
Em seu entendimento, esses preceitos fazem com que o profissional médico vá além do tratamento da doença, acolhendo o paciente, tendo-se em mente todas as suas necessidades. “Esta é a premissa básica para se colocar em prática ações que levem à humanização da assistência, processo em desenvolvimento no Brasil, mas já praticado por algumas instituições, a exemplo da Santa Casa de Piracicaba”, afirmou Ruy Nogueira.
Segundo ele, essas mudanças práticas e conceituais trariam uma diminuição significativa inclusive no universo da judicialização da saúde, processo que, segundo dados do próprio Ministério da Saúde, custou ao governo federal R$ 3,9 bilhões nos últimos seis anos.
A Santa Casa de Piracicaba promove homenagem especial aos médicos integrantes de seu Corpo Clínico, que serão recepcionados nesta terça-feira, 18, com um café da manhã especial. A iniciativa partiu da Administração e da Pastoral da Saúde do Hospital, que também promoverão a afixação de mensagens nos setores, reforçando a importância e dedicação deste profissional. “O médico é o profissional que mais se identifica com o ambiente hospitalar e o personagem mais importante durante o processo de assistência ao paciente”, justificam a administradora Vanda Petean e Irmã Davina Bernardi, coordenadora da Pastoral da Saúde da Santa Casa. O diretor clínico do Hospital, André Gervatoski, por sua vez, lembra que cabe ao médico utilizar o saber específico, técnicas e abordagens apropriadas para promover a saúde e o bem-estar do indivíduo. “Por isso, em algumas sociedades, reverenciar o Dia do Médico é fundamental”, argumenta. Segundo ele, o Hospital reúne 337 profissionais com atuação em 34 especialidades. Com 55 anos de casa, o gastroenterologista José Nilton de Oliveira, que ingressou no Corpo Clínico em 1º de janeiro de 1961, é considerado hoje o mais antigo componente da equipe. Do lado oposto, está o ginecologista obstetra Paulo Cesar Albuquerque Paes, atualmente o mais novo integrante do Corpo Clínico.