TORNADO NO INTERIOR DE SÃO PAULO DEIXA 03 MORTOS E MAIS DE 60 FERIDOS

O tornado que deixou dois mortos, mais de 60 feridos e destruiu boa parte das casas de Taquarituba (328 km de São Paulo) passou dos 100 quilômetros por hora (km/h) no último domingo (22), mostram dados preliminares da rede do IPMet (Instituto de Pesquisas Meteorológicas) operado pela Unesp (Universidade Estadual Paulista), em Bauru (329 km de São Paulo). Durante visita à cidade hoje, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) disse que o Estado irá ajudar financeiramente o município.

Os ventos atingiram cerca de 110 km/h por volta das 14h, logo após uma forte tempestade atingir o Estado, com velocidades e cargas contrárias, o que favorece uma ‘torção” do vento, uma das principais características desse fenômeno. O prefeito Miderson Janello Milléo (PSDB) decretou estado de calamidade pública nesta segunda-feira (23), depois que metade da cidade ficou sem luz e sem telefone

 Taquarituba fica a 328 km de SP

Arte/UOL

Segundo Vagner Anabor, professor de meteorologia da UFSM (Universidade Federal de Santa Maria-RS), além dos

registros fotográficos da clássica nuvem em formato de funil, que ajudam a confirmar a ocorrência do evento, a velocidade registrada está próxima da primeira escala de intensidade dos tornados, a F1, que abrange ventos de 117 km/h a 180 km/h –na categoria F5, a mais intensa, os ventos variam entre 420 km/h e 511 km/h.

O professor afirma que os tornados têm mais chances de ocorrer nos Estados do Sul do país –chegando, inclusive, aos municípios paulistas que estão próximos à divisa do Paraná, como é o caso de Taquarituba–, no Paraguai e no Norte da Argentina.

“A climatologia indica que a região [do Cone Sul] apresenta entre oito a dez dias favoráveis para a ocorrência desses eventos. Para comparação, a região central dos Estados Unidos, o ‘corredor dos tornados’, apresenta registros climatológicos para ocorrência de mais de 14 dias por ano.”

Já o meteorologista Fábio Rocha, do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), afirma que o fenômeno foi isolado em Taquarituba e que será investigado pelo órgão —segundo informações do Corpo de Bombeiros de Avaré, cerca de 60 quilômetros de Taquarituba, o tornado durou apenas cinco minutos no centro da cidade.

Ele diz que o tornado foi provocado pelo encontro de uma frente fria vinda do Sul do país com uma massa de ar quente que cobria o Estado de São Paulo –o que resultou apenas em chuva e ventanias na maioria da região.

O tornado pode variar de alguns minutos até uma hora e estende-se, horizontalmente, por algumas dezenas de metros a um quilômetro. Ele se forma, geralmente, após uma tempestade, quando uma corrente de ar frio sai de uma nuvem em direção ao solo. Quando a atmosfera está muito seca, a rajada ganha velocidade e gira bastante, sofrendo uma “torção”.  É aí que, “serpenteando” pelo chão, o funil de vento suga o que encontra pela frente e espalha para fora do seu caminho os destroços.

Muitas vezes, diz Anabor, o caso extremo de vendaval, chamado de microburst (microexplosão, em inglês), é confundido com os tornados, devido à magnitude de seus danos. “Mas ele apresenta características peculiares: não possui nuvem funil nem ventos rotantes [como foi presenciado em Taquarituba]. Seu dano é característico e pontual, pois espalha os destroços direcionalmente com a rajada de vento, que chega até 180km/h.”

Estado promete ajuda

Durante a visita que fez a Taquarituba, Alckmin (PSDB) declarou que a cidade vai receber ajuda financeira do Governo para se reerguer. 

Alckmin e membros da Defesa Civil do Estado, passaram pelos principais pontos devastados pelos fortes ventos. Ao todo, 150 famílias estão desabrigadas, 64 pessoas se feriram e duas morreram.

A prefeitura ainda não divulgou o número de casas atingidas. O governador disse que a prioridade será dar assistência aos desabrigados. “precisamos primeiro atender essas famílias que vão precisar de roupas, alimento e um lugar para ficar. Depois disso cuidaremos das questões econômicas”, afirmou.

O prefeito de Taquarituba decretou estado de calamidade pública, ação que permite que o município receba verbas estaduais para compras emergenciais, sem a necessidade de licitações. A medida é usada em casos de catástrofes naturais.

Segundo informações da prefeitura, todo o parque tecnológico da cidade foi atingido pelos fortes ventos do fim de semana.

O cálculo é que 38 empresas tenham sido atingidas de alguma forma. Agentes de saúde e assistentes sociais passaram a manhã desta segunda-feira (23) visitando os locais mais prejudicados.

Algumas pessoas não quiseram sair de casa, mesmo sabendo que algumas delas corre o riscode desabar. Isso porque eles temem saques.

A chuva na cidade começou a ficar mais forte por volta das 15h de domingo (22).

Segundo os próprios moradores da cidade, os ventos fortes não duraram mais que cinco minutos, mas foi tempo suficiente para atingir vários bairros.

Os pontos mais destruídos foram a Vila Amélia e Santa Virgínia, onde postos de combustíveis e casas foram destelhados.

 

Foto G1/ Casas destruídas pelo tornado

Fonte: UOL Notícias